terça-feira, 14 de junho de 2011

Amor é... ( Poema III de III+I )

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Amor?!...
Eu amo o vinho!...
Bebo um copo,
 Bebo dois,
 Bebo três,
Envinagrados, retintos e carrascões,
Feito à martelada, vomitado de borrachões,
Nele me afogo trinta e quatro dias por mês,
Não me importo com opiniões,
Entorno um garrafão de uma vez…
Nele sou tudo que me apetece,
Bebo quanto vinho aparece!...

Só minha sede não bebo,
Só minha sede não bebe!...

Eu amo a cerveja!...
Bebo uma, duas, três,
Bebo quanta cerveja houver,
Afogo-me em aguardente,
Bebo quanto álcool vier,
Bebo sôfrego repetidamente,
Seja o que Deus quiser!...

Só minha sede não bebo,
Só minha sede não bebe!...

Bebo do cálice que se segue,
Meu amor que não durará,
Fito a caneca que beijarei,
E minha sede se apaixonará,
Mas a sede, essa não matarei,
Minha sede que sobreviverá!...

Só não resiste minha sede,
Na água pura de cristal,
Água fresca que não vejo,
Água fresca que não há,
Água fresca que eu desejo,
Amor louco que me matará!...

Só minha sede não bebe,
Só minha sede não bebo!


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4 comentários:

  1. ...quantos dias poderemos sobreviver sem o orvalho da nossa sede da fonte ardente que é chama onde água fresca não basta para separar as bocas abertas do cálice no mosto das palavras suspensas...

    Um beijinho
    da
    Assiria

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  2. É a sede pelo doce viver e não o da bebida amarga, é a vontade de abraçar a razão do e com o outro e não a fuga da realidade... Mas quem nunca se afogou no excesso; não sabe dos bens que isso também faz. Abç!

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  3. A sede conquista-se

    antes de ser sede

    Muito bom

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  4. Poema ou canção? Sede ou alimento?

    Sob diferentes perspectivas de uma mesma temática, experimentando, reflito, a consciência de uma segunda vez, talvez terceira, a surpresa de dar ouvidos à força poética do ‘Poema de III de III + I”, como se fosse um alimento, líquido ou sólido, pensei na bebida, nos bêbados e nos sóbrios e aceitei a dádiva vinda da poesia, pelas mãos, ou pelos versos, de quem não apenas os escreve, mas também os declama. E sendo igual e tão diferente, os vivencia para além de um paladar, de sede, ou de fome, ainda não sei, ensinando a lição que é de sabor: “Amor é...’.

    Objeto de uma busca incessante, enquanto o amor não chega e o mundo se assemelha ao caos, a bebida é uma fonte alternativa [“Eu amo a cerveja!... / Eu amo o vinho!...”]. Nem um pileque. Nem um estado de embriaguez mórbida. O ritmo e a musicalidade passeiam entre os versos. A lucidez consiste em embriagar-se, em doses homeopáticas [“Só minha sede não bebo, / Só minha sede não bebe!...”], de amor e estimulando sensações visuais e auditivas, provocar a sede.

    A paixão [“Bebo do cálice que se segue, / Meu amor que não durará,”]. A sedução pela imagem [“Fito a caneca que beijarei,”] e a ilusão [“E minha sede se apaixonará,”].

    O verso vive [“Mas a sede, essa não matarei, / Minha sede que sobreviverá!...”]. Incolor. Inodoro e insípido, mas enquanto amante, repleto de convicções [“Só não resiste minha sede, / Na água pura de cristal,”] o verso poético é capaz de ser, à semelhança d’alma, da intimidade e da cumplicidade, o verso que mata a sede, como quem bebe palavras [“Amor louco que me matará!...”], como se bebesse um grande e incomparável, talvez único, amor de sua vida. Ou o mais importante. E também o mais bonito.


    ¬

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