terça-feira, 14 de junho de 2011

Amor é... ( Poema II de III+I )

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Complacente com a placenta,
Que não assenta,
Em minha silhueta acentuada?!...
Não!...
Tenho uma placenta em ti,
Aguardando minha consciência de mim,
Que eu amarei até ao fim!...
Amo amar-me,
Amo-me mais ao que podes dar-me,
Amo demasiado no espelho as medidas certas,
Para poder amar o amor que despertas!...

Será amor verdadeiro,
Isto que sinto pelo dinheiro?!...
Como amar-te se não vais existir,
Amar-te, decisão minha tomada?!...
Como?!...
Amar-te se não pudeste resistir,
Amar a condenação de “coisa” rejeitada!...

Meu amor sou eu oferecendo agenesia,
A liberdade conquistada,
Noite após noite, dia após dia!...

Como amar-te, se o Amor que restou,
Se regenera por cada prazer que dou?!...

Amor sou eu e minha Liberdade,
É a minha livre independência,
Acima de qualquer verdade!...

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1 comentário:

  1. Na sequência, o “Poema II de III + I” surpreende a temática que tem sua origem no mundo capitalista, no qual o amor, mesmo não sendo uma mercadoria, é material de consumo.

    A dúvida. E a certeza: “Em minha silhueta acentuada?!... / Não!...”. Na imagem, os reflexos. O narcisismo e a compatibilidade com o egoísmo [“Amo demasiado no espelho as medidas certas, / Para poder amar o amor que despertas!...”]. E todos os estigmas que estão vinculados a ambas personalidades.

    O objeto de desejo é o dinheiro, como modelo de acúmulo de bens materiais, exploração e desigualdade e o percurso poético é objeto de ironia e crítica. As perguntas são suspensas e as respostas também. As dúvidas persistem. E a poesia nos é apresentada como uma pessoa frente à sociedade capitalista, ficando à margem dos valores. Não erramos o foco. Tampouco o conceito. O mundo capitalista dita as regras do jogo desde que o mundo é mundo e a poesia é poesia. D’Alma incorpora o discurso difundido pelo sistema capitalista [quanto maior o lucro, maior o poder] e nas entrelinhas, preferência do recurso irônico, deixa escapar a crítica [“Meu amor sou eu oferecendo agenesia, / A liberdade conquistada,”].

    As etiquetas acrescentadas em seus opostos confirmam: Aborto e Barriga de Aluguel.

    O caminho, antes percorrido e cujo destino nos parecia ser o abismo, finalmente bifurca-se no verso [“Como amar-te, se o Amor que restou, / Se regenera por cada prazer que dou?!...”] que, se não salva a humanidade, salva a poesia no poema, no objetivo, antes confundido, intencionalmente, e agora revelado: a liberdade da alma.

    A fecundação ocorre no silêncio que sobra no meio verso: “Amor sou eu e minha Liberdade, / É a minha livre independência, / Acima de qualquer verdade!...”.

    Nenhuma pergunta fica sem resposta, é a metade do verso que fugiu quem responde: Amor é confidência.

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