quinta-feira, 7 de abril de 2011

Lágrima de Lua


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Esta é a história do…
Amor de uma Estrela irreal imaginada,
Que libertou uma lágrima prisioneira da Lua,
Lágrima de Amor que tinha como sua,
A mesma Lágrima que a Lua amava,
Por quem a Estrela sofria apaixonada,
Utopia impossível de quem não amua!...

Próxima de Centauro, rubro de paixão,
A anos-luz da terna e feliz Lágrima lunar,
Espectro vermelho de seu quente coração,
Ardia, a Estrela, pela Lágrima, sem chorar,
Invejando Lua triste de lágrima prisão,
Triste pela Lágrima que iria derramar,
Amor de amante única que jurou amar,
Débil Estrela ameaçando-se de implosão!...

Se a Lágrima da Lua,
Não puder ser sua,
Não será Lágrima de ninguém,
-De mim, não serei Supernova também,
Por de nova ter sido tua!

O mais longo Dia de Sol foi escolhido,
Pela Estrela a quem o Amor cegava,
O mesmo Dia que a Estrela amava,
E no lusco-fusco lhe havia prometido,
Se a Lágrima libertasse do Luar inimigo,
A Estrela com o Dia de Sol seria casada!...

O Sol irradiou de Luz o mais longo Dia,
Ofuscando a Lua que sua Lágrima verteu,
Cega de Luz, seu Amor, caindo, a Lua não via,
Amor que de seu Amor, outro Amor escondeu;
Procuraram-se mas o inevitável destino aconteceu,
A Lua, morrendo de saudade, já chorar não podia,
Pois sua Lágrima, lágrima de tristeza perdeu!...

Se Lágrima da Lua,
Não puder ser sua,
Não será Lágrima de ninguém,
-Serei Buraco negro de mim também,
Tão negro por haver sido tua!

 Lágrima caída no coração do Deserto,
Árido de Amor, de Vida uma miragem,
Sulcou um imperceptível leito incerto,
 E, adormecendo cansada pela triste viagem,
Da Esperança perdida, verteu uma lágrima!...
Encontrando-se de si, lágrima de si, muito perto,
Pequena lágrima da Lágrima e mais lágrima vertida,
Ainda mais lágrimas de saudade e tristeza incontida,
Chorando cada lágrima, uma lágrima mais que chorava,
Foi nascendo um pequeno charco da lágrima derramada,
Um lago que transbordou para a Vida,
Um Rio correndo, quedas de água salgada,
Oceano de lágrimas por uma Lua de Lágrima perdida,
Agonia lenta da sorte desconhecida,
Do seu talismã de sorte finada!...

Se minha Lágrima não puder ter,
Lua, não mais voltarei a ser,
Não serei Lua de ninguém,
Serei cometa frio de mim também,
De gelo por minha Lágrima perder!

Da pequena Lágrima que caiu,
Agora Oceano vivo onde a Vida surgiu,
É imenso espelho da Lua em seu degredo,
Que procura na Noite aquele Amor que ruiu,
A mesma Noite que conhece o triste segredo,
Daqueles dois Amores desencontrados no enredo,
Escrito nas estrelas por uma estrela que explodiu,
Quando jamais a Lágrima da Lua não viu!...

Mas, o Astro-rei, como rei de Luz que é,
Reconhecendo o erro que cometeu,
Culpando-se pelo que aconteceu,
Aqueceu a Terra com Lágrimas de Fé,
Do vasto Oceano evaporou uma porção,
De indivisíveis Lágrimas que pé ante pé,
Encorajadas por fenomenal condensação,
 Subindo nelas, por elas, foram dando a mão,
Içaram-se entre elas e muitas morreram até!...

Muitas cruzaram o Céu,
Ajudadas pela Luz a coberto do breu,
Pereceram todas, só uma sobreviveu!...

A Lágrima perdida para a sua Lua voltou,
A Lua que de felicidade sua Lágrima chorou!...


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6 comentários:

  1. As melhores lágrimas... as que se encontram com os lábios e provocam o sorriso, nos olhos que choram... felicidade.

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  2. ...fechei os olhos, libertei a gota do mistério dos meus olhos, num ruído profundo d'uma história, talvez..talvez saída do ventre d'uma estrela acólita e desapontada sob os olhos "meduseu" do espaço…onde voyeur procurou a noite na cratera débil do Dia!...

    ......

    Um beijinho
    da
    Assiria

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  3. Meu caro amigo, POETA;
    Uma palavra, apenas, para este POEMA;
    SUBLIME.
    Parabéns.
    Um forte abraço.

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  4. Anoitece. No uniVerso d’Alma, entre um mar e um luar, um olhar. Carente. Lua e estrela, musas diVersas, escrevem n“Esta é a história do…” amor vinculado à imaginação no poema “Lágrima de Lua” e a capacidade d’Alma de fabulação.

    O palco não se circunscreve ao âmbito de uma paisagem natural. A invenção supera a imitação da realidade e o cenário, hemisfério Sul na constelação Centauro, é de aventura amorosa e de conquista [“Amor de uma Estrela irreal imaginada, / Que libertou uma lágrima prisioneira da Lua,”]. Na linguagem que é essencialmente poética à iniciação romântica, há luz suficiente à esperança que prevalece sobre “Utopia impossível de quem não amua!”.

    O céu de Abrigo, de paixão e sedução é também passível de colapsos [“Débil estrela ameaçando-se de implosão!”], pela distância que incita a saudade [“A anos-luz da terna Lágrima lunar,”] e sentimentos que não justificam, mas explicam [“Invejando Lua triste de lágrima prisão, / Triste pela Lágrima que iria derramar, / Amor de amante única que jurou amar,”] a condição hipotética: “-De mim, não serei Supernova também, / Por de nova ter sido tua!”.

    As rimas gravitam entre os versos transmutados em imagens de entrega, mas isentos de submissão [“Se a Lágrima libertasse do Luar inimigo, / A Estrela com o Dia de Sol seria casada!...”]. O amor é um desafio [“A Lua, morrendo de saudade, já chorar não podia, / Pois sua Lágrima, lágrima de tristeza perdeu!...”], não basta contê-lo ao centro do corpo, é preciso materializá-lo [“Se Lágrima da Lua, / Não puder ser sua,”] e habitá-lo de forma harmoniosa, experimentá-lo em situações adversas e repetidas, para consolidá-lo como um sentimento que não é de escambo, mas de doação [“-Serei Buraco negro de mim também, / Tão negro por haver sido tua!”]. Cárcere do desejo pelo amor que não se realiza, o sofrimento é inevitável [“Não serei Lua de ninguém, / Serei cometa frio de mim também, / De gelo por minha Lágrima perder!” e quando a morte parece ser seu destino mais certo, a luz converte-se em reflexos que viabilizam a salvação. E a vida com amor [“Aqueceu a Terra com Lágrimas de Fé, / Do vasto Oceano evaporou uma porção,”].

    Às histórias, finais felizes são compactuados com a serenidade de quem os escrevem e normalmente escritor e leitor, entendem-se. E o amor vence todas as dificuldades, [“A Lágrima perdida para a sua Lua voltou, / A Lua que de felicidade sua Lágrima chorou!...”], mesmo à improbabilidade de ser possível.

    ¬
    Reafirmo minha admiração e meu respeito pelo fazer artístico e pela poesia que não é apenas uma fábula, mas também uma lição de vida, a quem assim se propõe a ler e a creditar nela uma esperança, e que como tal, deve ser renovada todos os dias diante dos nossos olhos, não carentes, certos de que o amanhecer pode acontecer num instante qualquer ou como nos dias de chuva, onde raios de sol surgem inesperadamente. Porque é a alma é d'Alma.

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  5. algumas lágrimas são recuperadas mas sempre existem as perdidas no oceano
    bjs

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  6. Uma lágrima no sorriso da lua, libertei
    por o meu sorriso na noite se perder
    ao amanhecer de novo o encontei
    mais aberto de alegria pra viver.
    Eterno mistério da lua,musa inspiradora silênciosa.Sublime o seu poema, poeta!
    Tem alma, musicalidade, ritmo, sensibilidade. Perfeito encantamento como « lágrima de lua»
    «Se minha Lágrima não puder ter,
    Lua, não mais voltarei a ser,
    Não serei Lua de ninguém,
    Serei cometa frio de mim também,
    De gelo por minha Lágrima perder!»
    Há muito quem escreva, poucos são os que transmitem emoções como o seu.
    Fabuloso!
    Saudações poéticas.

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