sexta-feira, 1 de abril de 2011

Aqui Jazem os Cravos!...




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…aqui jazem os cravos,
Em campa rasa e mal tratada!...
Aqui está sepultada,
A honesta origem dos bravos,
Nesta estrumeira de vis agravos,
Onde a flor de laranjeira violentada,
Deixando de ser a virgem pátria imaculada,
 É agora a puta sem palavra dos capitalizados!...

Das rosas restam os espinhos,
Cravos Judeus tão bem espetados,
No orgulho dos espíritos mesquinhos!...

É longo o verde dos craveiros,
Coroados pelo vermelho sangue Lusitano,
Definha o envergonhado poder soberano,
Enterrado vivo na revolução dos coveiros,
Nação traída por gatunos verdadeiros,
Vigaristas que só vivem do engano!...

E lá vai o pobre povo alienado,
Embrulhado nas cores de um triste pano,
Eleger quem sempre os tem enganado!...

Por aldrabões enganada, já nem a verdade se admira,
Que, com a verdade, seja enganada a mentira!...

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8 comentários:

  1. ..E lá vai o pobre povo alienado,
    Embrulhado nas cores de um triste pano..

    ..e, num subir do pano os rostos esguiam-se num passar de cabeças onde os ombros se enunciam como craveiros pugilistas no discurso de nações perdidas no tempo..


    ...

    amei...


    Um beijinho
    da
    Assiria

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  2. Olá,
    poema muito bem conseguido, onde as palavras se cruzam com musicalidade e em especial com uma mensagem que nos faz pensar.
    Obrigada.
    Helena

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  3. Bem forte,,,sinuosos e poderosos versos...abraços de bom final de semana amig.

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  4. o idealismo, não se concretizou!!! enforcados, murchos os cravos deixaram de nascer no jardim chamado portugal, e os que existem, nascem das estufas e já com a operação plástica a mesclar todos os defeitos, e o povo sorri mentindo.

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  5. muito forte!
    o desalento dos cravos que um dia foram esperança.
    poema bem conseguido!
    bom fim de semana!

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  6. Caro POETA;
    Quando as palavras e os versos, são muito mais do que um poema; são a revolta de um povo na voz de um grande poeta.
    Gostei imenso.
    Um forte abraço.

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  7. Não é mentira. É verdade! No primeiro dia do mês de Abril, d’Alma declama em seu palco o poema “Aqui Jazem os Cravos!...” de caráter revolucionário e social, conectando-nos com a atualidade da política vigente de seu país e consequentemente, ampliando o uniVerso cultural de seus leitores.

    Objeto de luto, o poema faz uma antielegia às conquistas da Revolução dos Cravos, que com o passar dos anos foram se perdendo [“…aqui jazem os cravos, / Em campa rasa e mal tratada!...”]. No foco, a decepção e a desilusão perante os acontecimentos históricos [“Aqui está sepultada, / A honesta origem dos bravos,”].

    A dinâmica da leitura nos conduz ao questionamento e à crítica, e atinge nossa capacidade de compreensão. Um grito! E d’Alma desperta-nos à consciência: “É agora a puta sem palavra dos capitalizados!...”.

    Não há velório. Não há lágrimas. Nem um corpo a ser velado. Nem a morte dá-se por precipitação. De fúnebre, apenas a urna coberta pela bandeira de Portugal. O sentimento, entretanto, de pesar, devasta a alma poética e mediante tanta poesia, a hemostasia não é possível “Coroados pelo vermelho sangue Lusitano, / Definha o envergonhado poder soberano,”. Mas há a perda, e o prejuízo é coletivo à sociedade: “Nação traída por gatunos verdadeiros,”.

    “E lá vai o pobre povo alienado,” baseado numa história que não é produto de uma ficção, ou de um sonho, mas de um país cujo momento é de crise política e econômica. O dedo em riste nos deixa numa posição desconfortável. Da cobrança, à ação: “Eleger quem sempre os tem enganado!...”. E nenhuma esperança.

    O ‘Dia da Mentira’ nem conforta a realidade, nem vislumbra o resgate da cidadania. A verdade é verdadeira [“Por aldrabões enganada, já nem a verdade se admira, / Que, com a verdade, seja enganada a mentira!...”]. Mas, ao mesmo tempo, e há tempo, mostra-se como recurso à evolução que permite sonhar, admirar-se, e quem sabe até, não alcançar.


    ¬
    Bom fim de semana.

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  8. Aos aldrabrões... Enganar a verdade com a mentira é fácil. Difícil é enganar a verdade com o engano da mentira. Mas não é impossível.

    Gosto desses versos inversos!

    O contorno da pétala do cravo com a Bandeira de Portugal é perfeito. Suas ilustrações primam pelo bom gosto e pela criatividade.

    Bom domingo.

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