segunda-feira, 14 de março de 2011

A revolta das Migalhas


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Vamos juntar nossas migalhas,
Que os senhores de nosso Destino pisaram,
Vamos abraçar a dança da chuva que eles nunca dançaram,
Voltar a amassar o pão para cozer nas quentes fornalhas,
Com o frio da fome que gelou as perdidas batalhas,
E dar-lhes a provar o Destino que nos traçaram,
Roubando dignidades, até, esses canalhas!

Vamos ensinar a essa canalhada,
Com quantas letras se escreva a fome,
Vamos mostrar-lhes como é que se come,
A miola que pelo desprezo deles foi esmagada,
Matando a fome à fome com mais fome alimentada,
Gritemos o significado da palavra que no dicionário se some,
Empanturrando-os com o significado do seu verdadeiro nome!

Vamos mostrar a verdade a esses gordos gatunos descarados,
Todas as variações das cores pálidas da verdadeira pobreza,
Vamos misturar essas cores com a cor rosada da riqueza,
E descobrir as novas cores que nos murais ilustrados,
Fixarão corajosos quadros pela igualdade pintados,
Com suave processo limpo por honesta firmeza,
Que nas lições da fome foram ensinadas!

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Pais desesperados, ao diabo gratos,
Rezam pelo fim dos gatos decepados,
E das lebres pardas que miam nos pratos;
Uma pobre Família sagrada de créditos firmados,
Foi publicamente acusada pelo seu gato, por maus tratos,
Entretanto, as lebres passeiam longe dos olhos esfomeados!

...

Vamos juntar nossas migalhas,
E matar a fome a esses canalhas!...

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11 comentários:

  1. Um protesto, me pareceu.

    E que é preciso ensinar a palavra honestidade, respeito, dignidade...e parece ser difícil ensinar estas palavras a quem esmaga o pão do próximo, a quem tira o que do outro é de direito.

    A quem só entende a fome de comer o alheio, um fome que não se sacia nunca.

    (Gostei dos desenhos formados com o poema, vi barcos)

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  2. Guarde a bala, porque vamos encontrá-lo(s)... a jeito!

    Parabéns pelo espaço e originalidade.

    Cumprimentos.

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  3. Escrever ou declamar já não basta ao poema que é de grito e de dedo, em riste, no tom, além de acusador, imperativo de dor e urgência, na poesia social, temática de questões sociopolíticas, e assim nasce “A revolta das Migalhas”, revelando-se fiel à realidade do mundo em que vivemos.

    A função poética d’Alma não se limita a rimar versos baseando-se apenas na estrutura da mensagem. Ela transpõe [“Com quantas letras se escreva a fome”]. Existe o contexto cultural e histórico, e o estilo poético funde-se à poesia, independente da inspiração, ou da criatividade. Existe a sensibilidade e a esperança de alimentar, não um povo, mas, materializando-a em consciência, divulgando e dividindo conhecimento, informação e experiência, motivar a busca pela verdade, igualdade e justiça “E dar-lhes a provar o Destino que nos traçaram, / Roubando dignidades, até, esses canalhas!”, porque, sabe-se a Alma, [desenvolver - socializar - democratizar], é o único agente de transformação da realidade.

    A tela é negra. A tinta é branca. A paisagem é um punhal. E os versos são densos e tensos “Matando a fome à fome com mais fome alimentada”. É fácil falar sobre fome com o estômago cheio. Difícil é seu contrário. Mas, mais difícil é [“Gritemos o significado da palavra que no dicionário se some”], depois de transformá-los em obra poética, alcançar o outro em seu sossego e somar forças à construção de uma história, que não é resultado de um fenômeno natural e sim da desigualdade social, e que por direito, consiste na garantia da dignidade do ser humano e em condições favoráveis à sua sobrevivência.

    O UniVerso que tanto encanta, desencanta o sentido entre cooperar e competir “Rezam pelo fim dos gatos decepados, / E das lebres pardas que miam nos pratos!”, onde as testemunhas principais são a consciência e a bondade. Não a bondade da referência à mão esquerda, que sabemos não proceder à poesia DiVersa, mas à moral. Porque essa não depende de um tempo, ou de uma época, mas da qualidade de vida que se confirma ao seu princípio: “Uma pobre Família sagrada de créditos firmados”.

    Agregar versos, estrofes e poemas à atualidade fazem parte do estilo poético d’Alma, somando forças à solidariedade e ao espírito de cooperativismo, fundamentados na justiça. “Vamos juntar nossas migalhas / E matar a fome a esses canalhas!...”, a rima instiga a reflexão, estimula a oralidade e a liberdade de expressão, porque há “Pais desesperados”.


    ¬
    A mão pesa, mas nunca bate sem razão.

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  4. Um protesto forte que precisamos ouvir...abraços de bom dia.

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  5. Um fantástico grito de protesto e de alerta.

    É necessário utilizar a palavra honestidade...Coisa já em fora de uso pelas bandas portuguesas..

    O poema fantástio

    bjito da gota

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  6. Migalhas, migalhas... só provando para saber seu real significado.

    Versos em estado permanente de alerta. A união que, senão faz a força, desperta a consciência.

    Boa semana!

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  7. Caro POETA;
    Da palavra que ensina e estimula, nasceu um extraordinário poema de alerta.
    Gostei imenso.
    Parabéns.
    Um forte abraço.

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  8. Forte, duro, verdadeiro, sublime
    esse alerta para quem não vê,
    para quem não repara...

    "Vamos juntar nossas migalhas
    e matar a fome
    a esses canalhas"...

    Muito bom o que escreve, poeta amigo. Muito bom!...

    Deixei resposta, ao que me deixou escrito, baseado no meu poema.

    Adorei responder-lhe, baseada no seu poema, escrito no meu recanto,
    dedicado a meus versos.

    Agradeço,

    Maria Luísa

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  9. Obrigada pelo carinho,

    foi uma Honra!


    Maria Luísa

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  10. Que dizer...
    que dizer...quando neste espaço tudo se traduz na paz d'alva florida em sons de folhas coloridas!!

    Um Beijinho
    da
    Assiria

    Siga-me pois é seguindo os passos dos demais que nunca estamos sós (moi meme)

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  11. Excelente

    Sábado lá estaremos
    a juntar migalhas

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